Achei essa matéria interessantíssima no site da UOL e resolvi compartilhar com vocês ... Afinal falar de criança e de de artes, é com nós mesmos rsrsrsrrs ! Dá só uma lidinha nos beneficios que a arte pode trazer a vida dos seus filhos !
"No começo, o que fica no papel são alguns rabiscos sobrepostos em várias
camadas. A mão tenta equilibrar o lápis, ainda sem muita firmeza, e o
limite físico da folha é quase sempre ultrapassado. Tudo é espaço para
expressão e não há limites para o movimento. Uma parede vazia, o assento
de um sofá e até o próprio corpo viram lugares para o registro dos
primeiros traços da criança. Se a mãe não ficar de olho, logo o braço
ganha um protótipo de tatuagem ou o tapete, uma pintura abstrata.
Quando dá seus primeiros passos no desenho – que neste momento inicial
recebe o nome de garatuja – a criança está mais interessada no efeito
surpreendente que produz ao passar o lápis sobre o papel do que em
representar qualquer coisa. Predomina a imaginação.
Segundo Lourdes Atié, socióloga e especialista em educação infantil
pela UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), é possível que, ao
ser questionada sobre o significado do que desenhou, a criança até
descreva uma história mirabolante, mas nem sempre sabe realmente o que
quis dizer com aquilo. Na maior parte das vezes, a descrição da cena vem
só para satisfazer o adulto.
Para Lourdes, os pais também não devem ficar o tempo todo perguntando o
significado do desenho, elogiando-o ou criticando-o. "O ideal é deixar a
criança à vontade para criar o que quiser e, sozinha, manifestar a
vontade de falar ou não sobre o resultado com o adulto".
Evolução
É com o passar do tempo –e com os estímulos oferecidos à criança– que o
desenho evolui, passa a ter formas mais precisas até que enfim
apresenta figuras mais nítidas e bem definidas.
"O desenvolvimento da criança permite que ela faça desenhos que se
estruturam progressivamente de modo mais elaborado. No entanto, o
desenvolvimento intelectual e o físico são condições necessárias à
evolução do traço, mas não suficientes, pois, na falta de oportunidades
para desenhar e de orientações adequadas, o desenho fica estagnado ou
estereotipado", diz Rosa Iavelberg, especialista em desenho e professora
da Faculdade de Educação da USP.
De acordo com Teresa Ruas, terapeuta ocupacional especializada em
desenvolvimento infantil, diversos comportamentos expressam aspectos
importantes do desenvolvimento: a forma como a criança pega o lápis,
como explora a extensão do papel, a escolha, a identificação e a
nomeação das cores, a designação do que foi desenhado.
Teresa afirma que não se pode esquecer das influências ambientais e da
personalidade da criança. "Tem aquela que adora desenhar e tem aquela
que não gosta muito". Segundo ela, a preferência ou não pelo desenho não
tem um significado, apenas mostra que cada pessoa é um individuo único e
difere da outra em termos de características, desejos e motivações.
Rabiscar, desenhar, escrever
E quais são os benefícios de desenhar? Os primeiros registros gráficos
são importantíssimos na vida da criança, eles são o embrião do processo
que a levará, de fato, a desenhar, a pintar e, mais tarde, a escrever.
O desenho é um passaporte para um mundo de imaginação, livre expressão e autoconhecimento. "Assim como a
brincadeira é a linguagem que a criança tem para se relacionar com o mundo, desenhar também é", declara Lourdes.
"Ela aperfeiçoa seus desenhos e pinturas porque cada novo trabalho tem
como ponto de partida as experiências anteriores. Ao mesmo tempo em que
se projeta no que cria, a criança incorpora experiências de participação
social por intermédio da sua arte, porque faz interlocução com quem lê
suas produções, com o que produzem seus colegas e, se tiver
oportunidade, com desenhos e pinturas de artistas”, diz Rosa. Quando é
estimulada a desenhar, desenvolve percepção, emoção e inteligência.
O desenho infantil é o resultado de tudo o que a criança aprendeu e da
conquista da organização dos gestos e dos materiais utilizados para a
confecção de suas produções. Os primeiros rabiscos servem de base para
que futuramente a criança tenha uma maior facilidade em ampliar o seu
conhecimento de arte. E para que isso aconteça devem ser oferecidas a
ela várias possibilidades para que se expresse e, assim, melhore suas
habilidades motoras e enriqueça seu repertório.
Não limite, estimule
Deve-se oferecer à criança contato com materiais bem diversificados.
Papéis de várias texturas, pincéis, lápis e canetas de espessuras
diferentes, tintas coloridas, a variedade estimula novas ideias e
perspectivas. A cada oportunidade de testar um novo material, um novo
posicionamento diante da atividade surgirá.
"O potencial de criação que uma criança tem é enorme e ela não tem
preconceitos quando se expressa", declara Soraya Lucato, educadora e
artista plástica que trouxe para o Brasil o Cloliê, método que utiliza a
pintura para incentivar a livre expressão.
Normalmente, é o adulto quem diz “não é assim que se faz”, “você pintou
o sol de azul, mas ele é amarelo”, “você esqueceu a porta da casa, toda
casa tem porta”. “E se ele não quiser mesmo colocar a porta no
desenho?”, questiona Soraya. "De repente, não é mesmo para ninguém
entrar nessa casa, de repente a entrada é pelo telhado ou por uma
passagem secreta".
Portanto, resista à tentação de impor regras e padrões quando seu filho
estiver exercitando o desenho. Deixe-o o mais livre possível na
atividade. "Quem padroniza, limita. A criança fica feliz quando não é
cobrada, diz a socióloga Lourdes. Segundo Soraya, a partir do momento em
que a criança descobre o próprio traço e que é capaz de fazer coisas
sem compromisso estético, além de romper barreiras no desenho, leva isso
para a vida, como experiência.
*Colaborou Fernanda Alteff"